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Seu bebê morreu na hora do parto, mas ela pediu para segurá-lo e um milagre acontece

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GLOBO REPÓRTER

Na enfermaria onde fica os recém-nascidos, a estratégia é transformá-los em bebês-cangurus, dependentes do calor de mães, avós, tias e de quem puder ficar agarrado a eles a maior parte do tempo.

“Eles lutam na incubadeira para eles pegarem peso e o calor, a temperatura. Então, a gente colocando no canguru, eles vão lutar só para pegar o peso, porque nós aquecemos eles. Damos o aquecimento”, diz Luci de Souza, tia-avó de Miguel e Daniel.

Na enfermaria, eles ainda estão bem pequenos, mas já venceram a parte mais difícil: na UTI, onde começa a luta deles pela vida. Os contatos físicos são logo incentivados, junto às incubadeiras. As visitas ajudam na transição dessa zona de perigo para a etapa seguinte, mais confortável, cheia de colos macios e quentinhos.

Ana Luiza, que chegou com 1,030 kg, já sabe reclamar e muito, quando sente saudade da mãe. A enfermeira ajuda Roselita da Silva a “colar” o bebê no peito.

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Dona Nilcélia é pura emoção. Já começou a educação da neta do jeito típico das avós. “Eu já conversei muito com ela, para levar ela para a minha casa fazer bagunça, para correr no quintal, com os primos”, revela a senhora. “Agora, ela está com 1,985 kg, já está quase indo para casa”, diz Roselita, mãe de Ana Luiza.

A presença da família é mais do que uma recomendação médica. Esse amor é parte indispensável da terapia. “Porque o bebê não é da equipe de saúde, o bebê é dos pais. Ele vai para casa com os pais. Por mais que a equipe tenha toda a responsabilidade pela evolução da criança, quem tem que cuidar mesmo, quem tem que entender, compreender, são os pais. É para lá que ele vai”, declara Regina Carinos, médica-chefe da enfermaria canguru.

Por ironia, o método nasceu como alternativa à falta de recursos, de equipamentos suficientes para cuidar de prematuros. A necessidade acabou fazendo a ciência avançar em direção à simplicidade. Tudo começou na Colômbia, 30 anos atrás.

Mas foi na terra dos cangurus, recentemente, que um caso extremo espantou o mundo. Um bebê desenganado pelos médicos foi salvo pela dedicação da mãe.

Kate Ogg teve complicações no sexto mês da gestação, e o parto dos gêmeos foi antecipado. O menino, Jamie, chegou primeiro, com apenas 900 gramas. Não conseguia respirar direito. Quando a menina, Emily, nasceu, em melhores condições, a equipe médica já tinha desistido do irmão dela. Ele foi deixado com a mãe para uma despedida.

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Kate conta que ele estava inerte, frio, mas respirava. Ela começou a conversar com ele, falou sobre a família, citou nomes, detalhes, e disse que todos o amavam, esperavam por ele e pela irmã. E o que parecia impossível aconteceu: Jamie começou a reagir.

O médico ainda dizia ser um simples reflexo, antes da morte inevitável. Katie insistiu, ofereceu um pouco de leite, com o dedo. E o coração do menino foi batendo cada vez mais forte. Duas horas depois, uma enfermeira percebeu o que estava acontecendo. Foi uma correria no hospital, para retomar o atendimento a Jamie, hoje com seis meses.

Kate e David, os pais das crianças, acreditam em um milagre em família. A notícia que rodou o mundo foi: “bebê que nasceu morto é ressuscitado pela mãe”. Mas seria essa a palavra adequada?

“O nome é esse: reanimou. Voltou a bater com uma frequência maior, igual à gente reanima quando nasce. Tem situações que o neném nasce que a gente chama de ‘morte aparente’. Porque esse limiar entre o vivo e o morto também não é uma linha. Tem um processo que você vai reverter ou não”, explica a pediatra neonatologista Maura Castilho.

Já sobre o nome do que reverteu o “processo” no caso de Jamie, não há dúvida. O nome é “afeto”.

No Brasil, a festinha de aniversário improvisada no hospital é para comemorar um mês do nascimento dos gêmeos Miguel e Daniel. Os dois irmãos só se reuniram para o “parabéns”, porque Miguel ainda depende da UTI.

“Eu venho, tiro o leite dele de duas em duas horas. Depois, troco ele, dou o leitinho dele. Depois, eu fico com ele o tempo todo no colo, o máximo com ele. Tem o outro, que é de três em três horas. Então, às vezes, o horário bate. Uma hora, eu fico com um. Outra hora, fico com o outro, quando os horários são iguais”, conta Jaqueline de Souza, a mãe dos gêmeos.

Passamos dois dias na Maternidade-Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde, há dez anos, o trabalho dos médicos e das famílias inclui uma forma de terapia que também virou remédio essencial para todo mundo. A música ajuda a diminuir o peso do desafio. As sessões parecem ter o poder de apagar a dor e o medo do rosto de bebês e de adultos.

“É gostoso, tira a nossa ansiedade. É muito nervoso aqui, dá muita ansiedade. A gente fica mais calma, mais tranquila, distrai um pouco”, comenta Arlete Almeida, mãe de Júlia.

E um adulto mais confiante e mais relaxado pode cuidar muito melhor de um bebê prematuro, apresentar a vida, a ele, em um tom mais suave.

“O que tenho aprendido é que realmente a força vital. Se isso for passado pelos pais, esses bebês vão, porque são uns valentes, são uns valentes esses bebês que passam na UTI”, destaca a musicoterapeuta Martha Negreiros.

 

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