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Quem é a brasileira que faz parto humanizado na zona de guerra?

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TRIP | Letícia González

O primeiro parto não foi nada promissor. Assim que a cabeça do bebê despontou pela vagina da mãe (“coroou”, no jargão obstétrico), ela sentiu a vista escurecer. Desclassificada pelo próprio desmaio, frustrava-se no corredor do hospital quando um médico disse: “Precisamos de mais gente assim, sensível”. Foi sua deixa. Poucas práticas depois, Bianca Dias Amaral estava pronta para atuar como obstetriz principal. Poucos anos depois, coordenava uma maternidade com 50 partos diários.

A vocação apareceu num estalo, quando ouviu como funcionava uma casa de parto humanizado de uma parente que morava nos Estados Unidos. Bianca foi uma das primeiras alunas do curso de obstetrícia da USP e, formada em 2009, tinha seu objetivo de carreira: fazer parte da ONG Médicos Sem Fronteiras, que leva auxílio médico a regiões em conflito e com crises humanitárias em todo o mundo. “Mandei meu currículo e eles falaram ‘Legal, mas exigimos dois anos de experiência, no mínimo’.”

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Foi o tempo usado para conhecer a realidade brasileira. Atuou em uma casa de partos, conheceu o SUS e um hospital privado que queria diminuir o índice de 70% de cesarianas. “Acabei frustrada com o sistema. Cansei de ver mulher indo pra cesariana sem precisar. As pessoas são engolidas pelo sistema e induzidas,  durante o pré-natal, a optarem pela cesariana. É muito difícil desconstruir o medo que o médico, em quem elas confiam, impõe. ‘Você não quer o bebe morra, né?’, é o que dizem.”

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