ARTIGOS
A sintonia da nossa mente com obsessores, segundo Chico Xavier
Obsessor, em sinonímia correta, quer dizer “aquele que importuna”. E “aquele que importuna” é, quase sempre, alguém que nos participou a convivência profunda, no caminho do erro, a voltar-se contra nós, quando estejamos procurando a retificação necessária.
No procedimento de semelhante criatura, a antipatia com que nos segue é semelhante ao vinho do aplauso convertido no vinagre da crítica.
Daí, a necessidade de paciência constante para que se lhe regenerem as atitudes.
Considerando, desse modo, que o presente continua o pretérito, encontramos obsessores reencarnados, na experiência mais íntima. Muitas vezes, estão rotulados com belos nomes. Vestem roupa carnal e chamam-se pai ou mãe, esposo ou esposa, filhos ou companheiros familiares na lareira doméstica.
Em algumas ocasiões, surgem para os outros na apresentação de santos, sendo para nós benemerentes verdugos.
Sorriem e ajudam na presença de estranhos e, a sós conosco, dilaceram e pisam, atendendo, sem perceberem, ao nosso burilamento.
E, na mesma pauta, surpreendemos desafetos desencarnados que nos partilham a faixa mental, induzindo-nos à criminalidade em que ainda persistem. Espreitam-nos a estrada, à feição de cúmplices do mal, inconformados com o nosso anseio de reajuste, recompondo, de mil modos diferentes, as ciladas de sombra em que venhamos a cair, para reabsorver-lhes a ilusão ou a loucura.
Recebe, pois, os irmãos do desalinho moral de ontem com espírito de paz e de entendimento.
Acusá-los seria o mesmo que alargar-lhes a ulceração com novos golpes.
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Crivá-los de reprimendas expressaria indução lamentável a que se desmereçam ainda mais.
Revidar-lhes a crueldade significaria comprometer-nos em culpas maiores.
Condená-los é o mesmo que amaldiçoar a nós mesmos, de vez que nos acompanham os passos, atraídos pelas nossas imperfeições.
Aceita-lhes injúria e remoque, violência e desprezo, de ânimo sereno, silenciando e servindo. Nem brasa de censura, nem fel de reprovação.
Obsessores visíveis e invisíveis são nossas próprias obras, espinheiros plantados por nossas mãos.
Endereça-lhes, assim, a boa palavra ou o bom pensamento, sempre que preciso, mas não lhes negues paciência e trabalho, amor e sacrifício, porque só a força do exemplo nobre levanta e reedifica, ante o sol do futuro.
Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Seara dos Médiuns. Lição nº 23. Página 79.
Estudos e Dissertações em torno da Substância Religiosa de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec.
Questão nº 249.
Reunião pública de 21/03/1960