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8 reflexões sobre o esquecimento do passado, por Richard Simonetti

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8 reflexões sobre o esquecimento do passado, por Richard Simonetti

1– Se reencarnamos para ressarcir dívidas, não seria interessante guardar a lembrança delas? Não haveria maior facilidade em aceitar sofrimentos e dissabores que ensejam o resgate?

O objetivo primordial da existência humana é a evolução. O resgate de dívidas é apenas parte do processo. Quanto ao esquecimento, funciona em nosso benefício. Seria impossível incorporar, sem perturbador embaralhamento, o rico, o pobre, o negro, o índio, o branco, o amarelo, o analfabeto, o letrado e tudo mais que já fomos, em múltiplas encarnações. É ilustrativo que muita gente vai parar em hospitais psiquiátricos simplesmente por sofrer a pressão de pálidas lembranças, envolvendo acontecimentos pretéritos.

2 – Se não lembramos o que fomos e fizemos, de que nos adianta?

Guardamos a experiência. O adulto não se lembra de seus primeiros passos, na infância, mas conserva a adquirida capacidade de andar.

3 – Há alguma causa física para o esquecimento?

Sim. O Espírito reencarnado registra clara e conscientemente apenas o que passa pelos cinco sentidos – tato, paladar, olfato, audição e visão. Essa é uma das razões pelas quais também não lembramos das experiências no mundo espiritual durante as horas de sono.

4 – As vivências anteriores ficam perdidas?

Nada se perde. Ficam resguardadas nos arquivos do inconsciente, que se localiza na intimidade do Espírito, o ser imortal. É esse substrato das experiências pretéritas que compõe a personalidade do indivíduo, com suas características, tendências e aptidões. Em determinadas circunstâncias, natural-mente ou sob indução hipnótica, esses arquivos se abrem e surgem as reminiscências.

5 – Fala-se que o principal objetivo do esquecimento é possibilitar a reconciliação de desafetos do passado, reunidos pelos laços da consangüinidade no lar. Seria isso?

Pode acontecer, mas seria exagero generalizar. É mais freqüente nos ligarmos a Espíritos simpáticos, a fim de consolidarmos afeições e nos ajudarmos mutuamente nos caminhos da vida.

6 – Por que, então, há tantos conflitos e desentendimentos nos lares? Não seria lógico imaginar que estamos diante de adversários em confronto?

O objetivo das experiências junto a desafetos do pretérito, quando ocorram, não é a dissensão, mas a pacificação. Deus não nos une pela consangüinidade para vivermos às turras. Desentendimentos no lar relacionam-se muito mais com a falta de compreensão, respeito e tolerância que caracteriza o ser humano, orientado pelo egoísmo. Falando o português claro: o problema é a falta de educação.

7 – Na análise de todas as circunstâncias que envolvem a reencarnação, conclui-se que é bom esquecer o pretérito…

É indispensável! No planeta em que vivemos, habitado por Espíritos atrasados, comprometidos com o vício e a irresponsabilidade, é importante desfrutar a bênção do recomeço, suprimindo, temporariamente, o passado. Imaginemos um condenado de consciência atormentada, desfrutando a misericordiosa possibilidade de cumprir sua pena sem a perturbadora lembrança de seus desatinos…

8 – Chegará o tempo em que recordaremos plenamente das vidas anteriores?

Sim, na medida em que se torne mais sofisticado o cérebro, habilitando-nos a recuperar informações confinadas no inconsciente; em que se depure o sentimento, para que contemplemos o passado sem constrangimento; em que sejamos capazes de evitar desajustes decorrentes de um embaralhamento de lembranças… Levará milênios, talvez, mas chegaremos lá.

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