ARTIGOS
Que fazer se o medo impede realização dos sonhos, por Divaldo Franco
Esmagadora maioria das criaturas padece a rigorosa constrição do medo. Adversário dos mais cruéis, o medo é responsável por tragédias inomináveis que varrem a Terra em todas as direções, gerando clima nefando de atrocidades de classificação muito complexa.
Sob o comando do medo, homens e mulheres se atiram a dissipações venenosas, entregando-se a paulatino aniquilamento, do qual dificilmente se libertam.
Jovens em todos os hemisférios do planeta sofrem na atualidade os miasmas do medo, que os intoxicam, enlouquecendo-os de surpresa. Não obstante as superiores conquistas do pensamento, as largas expressões da comunicação os debates francos e livres, as liberdades dos costumes, as realizações tecnológicas preciosas para o contexto humano, nos dias modernos, falecem os ideais do enobrecimento e as linhas da sóbria razão, graças às tenazes do medo dominante em todos os campos da ação.
A fuga espetacular dos deveres e os desregramentos sexuais são portas falsas pelas quais enveredam as hodiernas comunidades subitamente transformadas em manicômios de largas proporções, permitindo-se os jovens, em razão disso, encontros periódicos e maciços para se sentirem uns aos outros e, ao impacto da música selvagem como dos entorpecentes, esquecer, sonhar, embalar aspirações para eles irrealizáveis na sociedade chamada de consumo…
O medo de enfrentar problemas e solvê-los, como conseqüência do falso paternalismo do passado, empurra as mentes novas a formas diversas de expressão, muitas delas inspiradas por outras mentes desencarnadas que intercambiam psiquicamente em clima obsidente de longo curso entre as duas esferas: aquém e além da morte.
Alimentado ou esmagado nos painéis da alma, raramente vencido nos combates face a face de cada dia, o medo se alonga e prossegue, mesmo quando o espírito desencarna, permanecendo atado às reminiscências infelizes, anestesiado pela hipnose do pavor.
Dizimando em largas faixas da experiência humana, o medo não tem recebido o necessário investimento do estudo psicológico na Terra, quanto às suas raízes, que se encontram cravadas nos recessos íntimos do espírito, bem como não tem merecido a justa apreciação para combatê-lo com os hábeis recursos, específicos, capazes de o vencer e destruir.
O criminoso inqualificável que mata com requintes de sadismo e o suicida melancólico que investe, cobarde, contra a própria vida, sofrem a psicose do medo.
O grupo anarquista que consuma agressões revoltantes em nefastas maquinações da crueldade e o pai de família insensível no lar, ocultam-se nos rebordos do medo, buscando ignorar a enfermidade que os desequilibra.
Na quase totalidade dos crimes que explodem, opressivos, encontram-se os rastros do medo sempre presente.
As constrições morais pungentes, econômicas apavorantes, sociais caóticas, educacionais de solução difícil, das enfermidades de caráter irreversível, se fazem fatores preponderantes para que grasse o medo, soberano. Em tal particular, desempenharam relevante papel as normas religiosas do passado que ensinavam o “temor” em detrimento do amor” a Deus, os preconceitos exacerbados ante os quais a gravidade do erro era ser este conhecido e não apenas praticado, desde que se demorasse ignorado, contribuíram expressivamente para a atmosfera que hoje se espalha célere e morbífica.
Contudo, as informações espíritas responsáveis pela natural realidade do além-túmulo, desvelando os falsos “mistérios” e elucidando os enigmas ontológicos, são portadoras do antídoto ao medo, mediante a confiança que ministra aos que se abeberam da sua água lustral, penetrando de paz quantos se comprazam em meditar e agir com segurança nas diretrizes de fácil aplicação.
O labor fraternal, o culto doméstico do Evangelho, o pensamento de otimismo freqüente e o recolhimento da oração, a par do uso da água magnetizada e do passe, produzem expressiva terapêutica valiosa e de imediatos resultados para a aquisição da saúde e da renovação, combatendo o medo.
Retornando da sepultura vazia, disse Jesus aos discípulos amedrontados: “Sou eu, não temais”.
Todo o Evangelho é lição viva de sadia tranqüilidade e elevado otimismo.
Ora reeditado através do Espiritismo, é o mais eficaz processo psicológico atuante, capaz de edificar nos corações e nos espíritos conturbados do presente a consubstanciação das promessas de Jesus:
“Eu vos dou a minha paz.
“Eu ficarei convosco por todo o sempre.
“Vinde a mim os cansados e oprimidos.
“Tende bom ânimo: eu venci o mundo!”
Reflitamos, e, sem receio, avancemos construindo com o amor a fim de que o amor nos responda à sementeira de esperança, com a floração da paz e da alegria a benefício de todos.
“Não temais: ide avisar a meus irmãos que se dirijam à Galiléia e lá me hão de ver”. Mateus: capítulo 28º, versículo 10.
“A calma e a resignação hauridas da maneira de considerar a vida terrestre e da confiança no futuro dão ao espírito uma serenidade, que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio”. Evangelho Segundo Espiritismo. Capítulo 5º – Item 14.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 21.