KARDEC RIO PRETO | Fernando Rossit
Certo dia um pai aflito me ligou dizendo que sua filha não se encontrava bem na escola e que precisava urgentemente de um passe. Pedi-lhe para levá-la ao Kardec (1) para, aproveitando-nos da presença de médiuns dedicados, socorrê-la convenientemente.
Ao encontrá-los na frente do Centro, o pai me informou que sua filha absorvia com facilidade as energias do ambiente e das pessoas que dela se aproximavam. Sem saber que um garoto que passava por muitos desequilíbrios se encontrava sentado atrás de sua carteira na escola, passou a se sentir mal, ansiosa, assustada sem razão alguma. Somente depois é que percebeu que aqueles sentimentos partiram do seu colega.
Dirigimo-nos até a câmara de passes. De repente, após ingressar na sala, a jovem disse: – ah.., estou bem de novo – aqui “respiro livremente”. Mesmo assim, claro, ministramos o passe.
Percebe-se que a jovem tinha muita facilidade de absorver as vibrações dos ambientes como também das pessoas. Ao ingressar na sala de passes absorveu imediatamente os fluidos salutares do local.
Existem indivíduos que possuem grande sensibilidade e que chegam a absorver as energias negativas, passando, em seguida, a se sentirem mal.
Quando frequentam certos lugares sentem-se carregadas de energias intrusas, como se elas tivessem extraído do local uma parte das vibrações que ele contém.
Assim como a esponja absorve facilmente a água ou líquido que entram em contato com ela, essas pessoas absorvem facilmente os fluidos (energias ou vibrações) com que entra em contato.
Alguns chamam isso de “efeito esponja”, o processo de absorver os fluidos do ambiente ou de outras pessoas, em especial as negativas e desarmônicas.
Esse fenômeno é possível e bastante comum; além disso, é perfeitamente explicado pela Doutrina Espírita.
Esse sentimento resulta de uma lei física: assimilação e repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo emite uma corrente fluídica que causa penosa impressão; o pensamento benévolo envolve-nos num eflúvio agradável. (2)
Por meio dos pensamentos produzimos a própria energia que nos envolve (aura) como também impregnamos o ambiente onde nos encontramos de vibrações boas ou más, conforme a natureza de nossos pensamentos – bons ou maus.
Pensamentos bons criam vibrações boas; pensamentos maus, vibrações más.
“Os nossos pensamentos são como os sons de um sino, que fazem vibrar todas as moléculas do ar ambiente. Assim se explicam os efeitos que se produzem nos lugares de reunião. Uma assembleia é um foco de irradiação de pensamentos diversos. É como uma orquestra, um coro de pensamentos, onde cada um emite uma nota”.
“Mas, do mesmo modo que há radiações sonoras, harmoniosas ou dissonantes, também há pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto é harmonioso, agradável é a impressão; penosa, se aquele é discordante”.
“Tal a causa da satisfação que se experimenta numa reunião simpática, animada de pensamentos bons e benévolos. Envolve-a uma como salubre atmosfera moral, onde se respira à vontade; sai-se reconfortado dali, porque impregnado de salutares eflúvios fluídicos”.(3)
Dessa forma, ao contato com algumas pessoas que se encontram emocional, espiritual e até fisicamente desajustadas, podemos assimilar as suas vibrações e passar a nos sentir cansados, irritados, ansiosos, angustiados, abatidos, dentre outros sentimentos.
Destaca-se, como visto acima, que somente maus pensamentos/más vibrações causam mal estar.
Quando um indivíduo absorve as energias negativas de outrem, sem querer está aliviando o mal estar que a pessoa está sentindo. Resumindo: passa a se sentir mal e a outra pessoa se sente aliviada.
Como disse Kardec trata-se de uma troca fluídica: um fenômeno puramente físico, mas com consequências morais já que alteram nosso estado de espírito.
O profissional liberal, o terapeuta, o médico e pessoas que atendem o público sentem com relativa frequência esse fenômeno.
Para voltar ao equilíbrio, a pessoa afetada poderá recorrer à prece, passes e à produção de bons e salutares pensamentos.
O médium preparado ao captar as vibrações pesadas de outras pessoas poderá, com a disciplina do seu pensamento, anulá-las, expeli-las ou mesmo eliminá-las, considerando que os bons pensamentos dissolvem e/ou transmutam os fluidos negativos (a boa energia prevalece sobre a má energia).
É provável que o Padre Pio de Pietrelcina (4) tinha a faculdade de absorver as enfermidades dos doentes que atendia. Existem relatos que Padre Pio fez um pedido a Jesus desejando que lhe fosse dada a graça de pegar para si mesmo o sofrimento dos outros. Após esse dia, Padre Pio ficava constantemente doente, e começaram a aparecer em várias partes da Itália casos de pessoas que haviam sido supostamente curadas após orar pedindo ajuda ao Padre. Aparentemente, Padre Pio era capaz de absorver o sofrimento e a doença dos outros e senti-los em si mesmo, e assim, trabalhava essas moléstias em seu interior e ele mesmo se curava.
Esses exemplos servem para ilustrar como é de fato possível uma pessoa absorver, sugar (atrair) e reter as energias externas, de lugares e pessoas.
Fernando Rossit
(1) Associação Espírita Allan Kardec – São José do Rio Preto/SP
(2) Cap. XII, Amai vossos Inimigos, item 3, O Evangelho Segundo o Espiritismo
(3) A Gênese, Capítulo XIV, Os Fluidos
(4) Padre Pio de Pietrelcina, nascido Francesco Forgione (Pietrelcina, 25 de maio de 1887 — San Giovanni Rotondo, 23 de setembro de 1968) foi um frade e sacerdote católico italiano, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, elevado a santo pela Igreja Católica como São Pio de Pietrelcina
(5) Inspirado em texto de mesmo nome de autoria de Hugo Lapa