Quando Dom Pedro II impediu perseguição a espíritas

Pintura de Dom Pedro II - Delfim da Câmara via Wikimedia Commons

Mais que a vivência do preconceito, a prática do Espiritismo já foi considerada crime. Qual o papel de Dom Pedro II em impedir a perseguição velada aos praticantes no Brasil do final do século XIX?

Quando Dom Pedro II impediu perseguição a espíritas

De acordo com o historiador Paulo Rezzutti, acadêmicos de Direto de Recife e São Paulo se juntaram à causa. Eles peticionaram junto a Dom Pedro II, em setembro de 1881, que o movimento espírita não fosse perseguido pela polícia. À revista Aventuras na História, revelou que ‘o imperador deu prosseguimento à solicitação e a perseguição foi cessada’.

O jornal espírita (‘O Écho D’Além Tumulo’) mantido pelo jornalista Luiz Olímpio Teles de Menezes defendeu a causa da libertação de escravos. Quando também surge a figura de outro grande abolicionista, Adolfo Bezerra de Menezes. Embora se considere até hoje um singelo trabalhador da Espiritualidade, Bezerra de Menezes foi um dos pilares do Espiritismo no Brasil. Tocou de maneira profunda a alma de milhões no final do século XIX, pois exerceu a medicina com amor incondicional. Assim, ficou conhecido como o ‘Médico dos Pobres’, vivendo como poucos o Evangelho de Cristo.

Onde foi a primeira reunião espírita no Brasil

Em extensa reportagem sobre a consolidação do Espiritismo no Brasil, a revista Aventuras na História conta sobre a primeira reunião espírita no território nacional. Em 17 de setembro de 1865, em Salvador. Grupo reunido pelo jornalista baiano Luiz Olímpio Teles de Menezes.

Além de discussões e reflexões sobre a vida após a morte, o grupo ‘evocava algum tipo de comunicação com os mortos’. Recebendo uma carta mediúnica de um espírito que se apresentou como ‘Anjo de Deus’.

Psicografia

‘O texto psicografado, recheado de mensagens de esperança e fé, sensibilizou os participantes naquela que é considerada a primeira sessão espírita e início oficial do Espiritismo no Brasil. O encontro daquela noite na capital baiana também celebrou o começo das atividades do Grupo Familiar do Espiritismo, primeiro centro espírita brasileiro destinado à formação e disseminação da Doutrina no país’.

Então Allan Kardec publicara há menos de uma década O Livro dos Espíritos. Filiado a sociedades espíritas europeias, logo chegou a manter contato com o próprio codificador. Foi o tradutor do primeiro livro espírita do Brasil, ainda de acordo com a revista Aventuras na História, ‘Filosofia Espiritualista’.

Igreja

Menezes enfrentou então uma forte reação da Igreja Católica às novas ideias publicada em seu jornal, ‘O Écho D’Além Tumulo’. Em 1867, por exemplo, uma carta pastoral do então arcebispo da Bahia, dom Manuel Joaquim da Silveira, ‘condenava severamente a prática e as ideias sobre reencarnação e comunicação entre os vivos e os mortos’.

‘Em resposta aos ataques feitos pela mão pesada da Igreja, Teles de Menezes escreveu uma carta de 82 páginas ao bispo, em defesa das ‘doutrinas do espiritismo”.

Imagem: Pintura de Dom Pedro II – Delfim da Câmara via Wikimedia Commons

Daniel Polcaro: