CORREIO ESPÍRITA | Adilson Motta de Santana
Podemos enxergar dois objetivos básicos no simples ato de dormir: o primeiro é relativo à necessidade que o corpo tem de descansar, de reaver as energias despendidas durante os momentos de atividade. O segundo reflete uma necessidade do Espírito que vai tomar contato com o seu lugar de origem, o mundo espiritual.
Para o Espírito, encarnar é mais difícil do que desencarnar. Envolver-se na matéria, tomar um corpo físico para transitar no meio material é de uma grande complexidade pois todas as suas faculdades são restringidas pela densidade do ambiente entrando ele como que numa prisão, pois é assim que se sente, quase sem liberdade.
Ao longo dos milênios vividos, a evolução espiritual moldou o corpo ao que ele é hoje a fim de que ofereça melhores possibilidades àquele que o utiliza. Tanto o perispírito quanto o organismo físico foram apresentando novas características, tornando-se mais maleáveis ao uso do Espírito, além de menos grosseiros.
As energias magnéticas que servem de união entre os dois foram se tornando menos rígidas facultando um semidesligamento que fez o homem passar do sono fragmentado e superficial próprio da maioria dos animais superiores para um sono mais contínuo e profundo. Isso só foi possível graças a essa “elasticidade” dos fluidos perispirituais conjugada a um organismo biológico que oferece menos resistências ao desprendimento.
Ao mesmo tempo, o homem também foi alcançando, através dos esforços civilizatórios, uma estada mais longa aqui na Terra, o que o deixou afastado da vida espiritual por um período mais longo. Achamos que isso poderia trazer consequências sérias para o equilíbrio, já que os Espíritos encarnados também se ressentem do distanciamento da liberdade que podem usufruir no plano espiritual.
O aprimoramento da emancipação da alma veio amenizar essa dificuldade pela oportunidade de manter um contato mais direto e intenso com aqueles que permaneceram do lado de lá, além de conferir aos encarnados um pouco de liberdade a cada momento de sono.
Há um objetivo diferenciado naquelas pessoas de sensibilidade mais apurada e que são capazes de uma emancipação anímica mais profunda. Esses são os sonâmbulos, os extáticos, os letárgicos e os catalépticos. Têm uma capacidade maior de desprendimento com vistas a evidenciar a existência da alma e oferecer provas das faculdades que permanecem em gérmen na maioria dos seres humanos aguardando o momento certo para eclodirem quando Deus assim o determinar.
Esses por enquanto são exceção à regra, mas dia virá em que será corriqueiro o contato com o Mundo Espiritual seja através dos fenômenos de emancipação da alma, seja através da mediunidade, ensejando um aprendizado mais rápido junto àqueles que já se adiantaram no progresso espiritual e também reduzindo a “distância” vibratória daqueles entes queridos que permaneceram na Espiritualidade enquanto reencarnamos ou que nos precederam no retorno a ela.
Será possível a comunicação pelo pensamento, o deslocamento em Espírito a outros lugares, enfim, não precisaremos ficar encarcerados no corpo físico, o desgaste físico será menor, as doenças serão mais raras, a longevidade será uma regra.
Sejamos gratos a Deus que apesar de estarmos aqui na Terra pelo motivo justo que é o nosso crescimento espiritual e de podermos contribuir com os planos divinos para a sua criação, Ele nos dá a chance de absorvermos novas forças nos momentos de relativa liberdade pela emancipação da alma para que não nos deixemos envolver pelo esmorecimento diante da rudeza do mundo que habitamos.