Afinal, como saber se determinada manifestação espírita realmente se trata de um irmão desencarnado ou é a vontade do próprio espírito? O que a literatura de Allan Kardec nos esclarece sobre essa dúvida tão comum para quem inicia suas atividades mediúnicas e acompanha as manifestações espirituais?
O poder oculto que age nas manifestações espirituais
Na Revista Espírita, edição de janeiro de 1858, Allan Kardec esclarece que ‘quando uma coisa é feita contra tua vontade e o teu desejo, é claro que não és tudo quem a produz’. ‘Porém, frequentemente és a alavanca de que se serve o espírito para agir e tua vontade lhe vem em auxílio; podes ser instrumento mais ou menos cômodo para ele’.
Mas ‘é sobretudo nas comunicações inteligentes que a intervenção de um poder estranho torna-se patente’. Ou seja, ‘quando essas comunicações são espontâneas e estão fora do nosso pensamento e controle’. Além disso, ‘quando respondem a perguntas cuja solução é ignorada pelos assistentes, faz-se necessário procurar sua causa fora de nós’. Em outras palavras, ‘isso se torna evidente para quem quer que observe os fatos com atenção e perseverança; os matizes de detalhes escapam ao observador superficial’.
Surgimento
De acordo com a Federação Espírita Brasileira (FEB), no livro ‘Mediunidade: estudo e prática’, a faculdade pode surgir em qualquer etapa da existência, inclusive na infância. Mas depende da adequação do corpo físico, ‘de uma organização mais ou menos sensitiva’.
Em ‘O Livro dos Médiuns‘, Kardec destaca que ‘essa faculdade não se revela da mesma maneira em todos os sensitivos’. Ou seja, se trata de um caminho particular, de acordo com a missão que temos nesta encarnação. Há quem não terá papel algum de maneira coletiva, se restringindo ao seio familiar, outras que terão uma missão parcial, como voluntário, e outras, a exemplo de Chico Xavier, que estará a serviço da Espiritualidade de modo integral.
Sem saber
Mas também é possível que estejamos exercendo a mediunidade sem saber – e isso ocorre mais vezes do que possamos imaginar, inclusive com pessoas que não acreditam no imaterial. ‘Os espíritos, quando querem executar certos trabalhos, lhes sugerem as ideias necessárias e assim é que eles, as mais das vezes, são médiuns sem saberem’.
‘Têm, no entanto, vaga intuição de uma assistência estranha, visto que todo aquele que apela para a inspiração, mais não faz do que uma evocação’.