RAZÕES PARA ACREDITAR
Ele é um menino de 9 anos, mas já inspira muita compaixão pelos mais necessitados, neste caso, por mulheres em situação de rua e dependência química. Foi durante uma missa na igreja que a família de Augusto Lucciola Neto frequenta que esse sentimento de solidariedade aflorou.
Na manhã daquele domingo, o pastor apresentou para os fiéis o projeto Cristolândia Bahia, criado há três anos pela igreja, mas que precisa de um abrigo para a mulher. Depois de exibir fotos e slides, o pastor pediu aos presentes que pudessem ajudar que se manifestassem.
Augusto ficou comovido com a apresentação e perguntou à mãe dele, a engenharia civil Judite Lucciola, se ela queria falar, mas ela disse que não. Porém, Augusto insistiu pelo menos para ela acompanhá-lo até a frente. Os dois se sentaram na escadaria e, naquele momento, o menino foi às lágrimas, demonstrando uma empatia surpreendente por aquelas pessoas. Augusto chorou durante toda a pregação.
Ao chegar em casa, Augusto continuou insistindo para que os pais fizessem algo e sugeriu a doação de um imóvel da família no centro de Monte Gordo, em Camaçari, na Grande Salvador. O sítio de oito mil metros quadrados estava fechado há anos – praticamente abandonado.
“Ele falou comigo que elas precisavam de um espaço, e nós tínhamos e nem usávamos. Falou de uma forma tão convicta que ficamos sem saída”, contou a mãe ao site A TARDE.
A família conversou com o pastor e foi até o local para ver se ele atendia à demanda do projeto. “A casa estava abandonada, reformamos e acrescentamos outra ala de quartos. Agora estamos aguardando o alvará de funcionamento da prefeitura de Camaçari”, disse Judite.
DICA DE LEITURA (clique e saiba mais)
Com a reforma e ampliação da primeira etapa, o projeto vai atender inicialmente 24 mulheres. A inauguração está prevista para acontecer em maio. Augusto faz questão de visitar a obra sempre que possível. Ele lembra do momento na igreja. “Eu fiquei comovido com aquelas pessoas necessitadas, falei para meus pais que não era justo só os homens serem abrigados. Eles questionaram como iriam investir em uma nova casa, se já tínhamos a nossa reforma. Fiquei pensando no que poderíamos fazer e, assim que acabou a reforma da nossa casa, investimos na Casa Rosa [nome dado à nova sede do projeto]”.
Fotos: Raul Spinassé / Ag. A TARDE