Visão espírita sobre participar do seu próprio velório

A literatura espírita considera rara a presença do espírito em seu próprio velório, mas é possível e até natural. Por merecimento ou necessidade, seja de amparar um familiar ou captar daquele momento uma última impressão importante para sua missão aqui na Terra. A maneira mais natural de desencarne é que ele acompanhe uma equipe espiritual para acolhimento por alguns dias. Assim, possa fazer a passagem de maneira serena.

Função do velório para o espírito

‘Do ponto de vista espiritual, a tradição de nossa sociedade de respeitar um período de vigília entre o óbito propriamente considerado e o enterro é totalmente justificada. As preces e o amor dos amigos ajudariam muito nessa viagem, muitas vezes perturbadora, para o mundo espiritual’, observa Leonardo Marmo Moreira, em ‘O Consolador’.

Ele explica que as preces podem criar uma defesa contra possíveis espíritos sofredores que possa prejudicar a passagem. A nossa presença durante um velório tem sua razão e função para a Espiritualidade.

Imagine a quantidade de pensamentos e sensações que se passa naquele momento. Não apenas uma vida. Mas o fechamento de mais uma capítulo que conecta todos os outros da existência milenar.

Relembrar os bons momentos

Relembrar os bons momentos que passamos com quem está partindo. O abraço sincero. O consolo fraternal. A oração silenciosa. São fatores que realmente justificam a nossa presença durante o velório.

Nem todos que partem estão, de fato, preparados. Uma ou outra questão importante pode ter ficado por ser resolvida. E isso pode prejudicar dezenas de pessoas por um longo período. Infelizmente, o socorro nas casas espíritas a irmãos que não conseguem seguir a vida no plano espiritual por questões materiais parece infinito.

Principalmente relacionado a herança. Briga entre filhos. E, consequentemente, uma desarmonia capaz de trazer perturbação nos dois planos.

Necessidade de orações para o espírito

O respeito durante o velório é fundamental para manter a harmonia daquele momento de morte do corpo físico. Ou seja, independente da maturidade espiritual da família e de quem partiu, existe uma ausência que será sentida. Certamente.

Portanto, as preces durante o velório, os pensamentos de luz são fundamentais para que também a família seja acolhida da melhor maneira nesse momento de dor e reflexão.

Afinal, sempre vai existir alguém que precise da nossa doação de paz, serenidade e harmonia.

O respeito com a crença da família

Nós espíritas muitas vezes temos a vontade de dar mais que uma palavra de conforto neste momento. Muitas vezes queremos falar sobre o conhecimento que aprendemos com a obra de Allan Kardec. Mas nem sempre é o momento.

Ou seja, devemos respeitar a crença da família de luto. E apenas falar uma mensagem de conforto quando realmente solicitados. Mas no momento certo.

A divulgação do conhecimento espírita deve ser o mais sereno possível. Pois sabemos que o despertar sempre será interior. Assim, a Espiritualidade estará atenta ao momento certo do encontro entre a vontade da pessoa ouvir as nossas palavras de conforto.

Nosso próprio aprendizado durante o velório

Aquele momento é um convite para a reflexão para a nossa própria vida.

Despertar para questões que ainda precisam ser resolvidas em nossa vida. E que dependem da nossa atitude. Ou seja, muitas vezes temos a consciência da necessidade da mudança. Mas acabamos adiando por questões menores, que precisam ser trabalhadas em nós.

Com carinho e amor. A nós. E ao próximo.

Daniel Polcaro: