GRUPO ANDRÉ LUIZ
A seguir, perguntas e respostas respondidas por Chico Xavier (inspirado por Emmanuel), sobre a mediunidade e como se dá esse processo de desenvolvimento, que deve ocorrer na casa de oração pela segurança do médium e também para aprimorar o trabalho que irá realizar naquele espaço junto ao próximo.
MEDIUNIDADE
O que é desenvolver mediunidade no conceito de Emmanuel?
Ele crê que desenvolvimento mediúnico deveria ser a nossa dedicação ao aperfeiçoamento pessoal para servirmos de intérpretes àqueles que habitam a vida espiritual e, ao mesmo tempo, começar muito cedo o trabalho na pauta da obediência e da fé de que todos carecemos perante as Leis de Deus.
Que é mediunidade, no significado real de sua essência?
Mediunidade, na essência, é afinidade, é sintonia, estabelecendo a possibilidade do intercâmbio espiritual entre as criaturas, que se identifiquem na mesma faixa de emoção e de pensamento.
Como alcançar bom aprimoramento de potencial mediúnico?
Reflitamos no assunto do ponto de vista da mediunidade em trabalho edificante. Que se aperfeiçoe o violino, e o artista encontrará nele as mais amplas facilidades de expressão. Sem cooperador habilitado, a tarefa surge deficiente. A mediunidade, em si, depende do médium.
Diga-nos o que deve fazer, dentro de suas capacidades, um médium, para poder ser completo e útil ao Plano Espiritual?
Devotamento ao Bem do próximo, sem a preocupação de vantagens pessoais – eis o primeiro requisito para que o medianeiro se torne sempre mais útil ao Plano Espiritual. Em seguida, quanto mais o médium se aprimore, através do estudo e do dever nobremente cumprido, mais valiosa se torna a execução de tarefas com os Instrutores da Vida Maior.
Que é que pode ser mais prejudicial a um médium?
O egoísmo que se fantasia de vaidade e orgulho, quando o medianeiro procura irrefletidamente antepor-se aos Mentores Espirituais que se valem dele. Ou o mesmo egoísmo, quando se veste de ociosidade ou de escrúpulo negativo, para fugir à prestação de serviço ao próximo.
Qual a razão de algumas pessoas possuírem dons mediúnicos na Terra, desde o berço, e outras, após muito trabalho, é que conseguem conquistar alguns desses valores?
Quando se trate de mediunidade em ação na cultura ou no progresso espiritual, a bagagem de recursos do medianeiro emerge das suas próprias aquisições de Espírito, efetuadas em existências pretéritas, outorgando-lhe a possibilidade de colaborar com mais eficiência ao lado de quantos pugnam, no Além, pelo aperfeiçoamento e a felicidade da comunidade humana.
Como podemos entender o chamado “planejamento espiritual”?
Mentalizemos o planejamento que antecede a formação de um núcleo populacional ou de uma família na Terra, com os recursos possíveis de previsão e teremos exatamente a idéia do que seja o “planejamento espiritual” para qualquer organização que proceda do Plano Espiritual para o Mundo Físico.
Como encarar as diversas demonstrações mediúnicas existentes e praticadas fora da Doutrina Espírita?
Os fenômenos medianímicos existiram em todos os tempos. E, em todos os distritos da atividade humana, continuam a existir. A Doutrina Espírita é o Cristianismo Redivivo, esclarecendo mediunidade e médiuns para que as ocorrências mediúnicas edifiquem elevação e proveito em auxílio da Humanidade.
Os “anjos de guarda”, que são?
Os bons Espíritos, benevolentes e sábios, mormente aqueles que se nos fazem familiares, se erigem, no Mais Além, à condição de mensageiro de apoio ou guardiães abnegados daqueles companheiros que ainda se vinculam à vida física.
Quais são os principais sintomas, tanto físicos quanto psicológicos, que a pessoa apresenta para que diagnostique-se mediunidade acentuada?
Os sintomas podem ser variados, de acordo com o tipo de mediunidade. Irritabilidade, sonolência sem motivo, dores sem diagnóstico definido, mau humor e choro inexplicável podem indicar necessidade de esclarecimento e estudo.
O que acontece para uma pessoa que se recusa a desenvolver sua mediunidade, já que esta mediunidade pode ajudar muitas outras? Haverá algum castigo ou cobrança?
Energias que não doamos podem ser fator de desequilíbrio em nossas vidas. Nossa consciência, em geral, nos cobra uma atitude perante as tarefas que nos cabem. Praticando o Bem em qualquer parte, estaremos colocando nossa mediunidade a serviço de todos. André Luiz afirma: “Todo Bem que não se faz é um mal que se pratica”.
Como saber distinguir efeitos mediúnicos de doença física? Por exemplo: as dores de cabeça e de estômago.
A segurança em distinguir efeitos da mediunidade de sintomas de doenças físicas, só pode ser alcançada com a educação da própria mediunidade. O ideal é que inicialmente se procure um médico para certificar-se que o mal não é físico e, uma vez confirmada a inexistência de doença, deve-se procurar a orientação espiritual.
Dentro da psicofonia, se um médium dá passividade constantemente para irmãozinhos sofredores, tristes e chorosos, isso significa que o médium não está com a sintonia elevada?
Todo médium deve estar em equilíbrio para trabalhar num grupo mediúnico. Quando dá manifestação a Espíritos sofredores, pode lhes proporcionar alívio e paz. Existem médiuns que têm energias específicas para socorrer Espíritos suicidas, muito sofredores; essa é a missão dos médiuns de desobsessão. Não é, portanto, um desequilíbrio.
Muitos candidatos à mediunidade nos aparecem, confessando, no entanto, sua predileção pelo vício de fumar. Que fazer nestes casos?
Ponderam os Mentores da Vida Maior que o vício da utilização do fumo cotidianamente é considerado dos menores vícios da personalidade humana. Não obstante, qualquer candidato à mediunidade cristã deverá esforçar-se diariamente por superar suas próprias inibições, consciente de que o quadro de serviços redentores a que se candidata exigir-lhe-á renúncias e abnegações incessantes em favor do próximo. Dentro deste particular é que os Amigos Espirituais nos dizem que, principalmente nas tarefas de auxílio desobsessivo e nas tarefas de alívio aos doentes, é totalmente desaconselhável o hábito de fumar. Assim, sendo, os médiuns psicofônicos, os passistas e os de efeitos físicos fazem muito bem quando abandonam o cigarro.
Muitos candidatos à mediunidade nos dizem que sofrem assédio de entidades infelizes e acabam desistindo do serviço mediúnico, justificando-se pelos impedimentos emocionais que carregam. Que dizer de semelhante situação?
Curiosa esta pergunta, porque também passamos por esta experiência. Um ano antes de transferimos nossa residência de Pedro Leopoldo para a cidade de Uberaba, por volta do ano de 1959, uma crise alucinante de labirintite nos atacou. O desconforto que a doença causava, com aquele barulho característico, dentro do próprio crânio, nos alterou o estado emocional. Quase não conseguíamos a necessária concentração para a tarefa psicografia nas reuniões públicas do Centro Espírita Luiz Gonzaga. Estávamos intranqüilos. Quando aquele tormento atingiu seu ápice, procuramos nosso médico oftalmologista, na época o Dr. Hilton Rocha, de Belo Horizonte.
Dissemos a ele:
Dr. Hilton Rocha, eu já não agüento mais esta labirintite que me atazana. Este barulho incessante me tonteia e já não posso atender às minhas obrigações de psicografia com a tranqüilidade desejável. De modo que o senhor tem a minha autorização, caso esta labirintite for causada pela minha enfermidade dos olhos, para remover os meus globos oculares. E o senhor pode arrancar os meus olhos, por que eu preciso continuar trabalhando…
O Dr. Hilton Rocha nos tranqüilizou dizendo que, de forma alguma, a labirintite era devida às nossas enfermidades oculares. Recomendou-nos paciência e disse-nos que tudo iria passar. De fato, quando instalamos em definitivo aqui em Uberaba a crise de labirintite passou. Recentemente, no entanto, a questão voltou, mais ou menos há uns dois anos, com grande intensidade. Desta vez não só ouvimos o barulho característico da labirintite, como também registramos a voz nítida dos espíritos inimigos da Causa Espírita-Cristã, perturbando-nos a tranqüilidade interior. Esta presença de espíritos infelizes, desde então, tem sido uma constante. Ouvimos-lhe diariamente os ataques à Mensagem Cristã e à Doutrina Espírita; as sugestões desagradáveis; as induções ao desequilíbrio; os sarcasmos em relação aos episódios por nós vividos no decorrer desta existência; as alusões ferinas às ocorrências menos dignas de nossos círculos doutrinários; as calúnias em relação a fatos conhecidos por nós; e até maledicências dirigidas ao nosso círculo de amizades. Tudo isto de forma tal que nos sentimos tolhidos na liberdade de pensar. Nossos Amigos Espirituais classificam este tipo de atuação como sendo PENSAMENTOS SONORIZADOS dos obsessores em nós mesmos. Dr. Bezerra de Menezes nos recomendou muita calma em relação ao assunto, incentivando-nos, inclusive, a conversar com estes irmãos infelizes pelo pensamento, mostrando-lhes o ângulo de visão que nos é próprio e rogando-lhes paciência e compreensão para as nossas atividades mediúnicas. Mesmo assim, apesar de estarmos tentando dialogar com estes espíritos, somente em 80% dos casos eles desistem do sinistro propósito de nos retardar as tarefas. Assim, ainda 20% deles continuam renitentes em seu desiderato infeliz. Outro dia mesmo recorremos à viligância de nosso mentor Emmanuel, e ele nos pediu mais paciência. Segundo a afirmativa dele, isto ainda duraria por algum tempo e em breve tudo voltaria ao normal.
Em algumas reuniões identificamos discussões estéreis em torno de opiniões particulares e pontos de vista exclusivistas de determinados médiuns, que os conduzem, muitas vezes, ao afastamento do serviço, carregando no coração mágoas e desapontamento com a direção das reuniões e dos Centros Espíritas. Como devemos agir diante dos que se afastam das tarefas?
O quadro de nossas responsabilidades diante da Mensagem Cristã do “Amai-vos uns aos outros” é tão vasto, os serviços ainda incompletos e as tarefas por realizar em nome do amor ao próximo se desdobram com tanta intensidade que, sinceramente, cabe-nos a solução de aproveitar o tempo disponível às nossas limitadas possibilidades, trabalhando e servindo sem cessar em nome do Bem geral. Não podemos nos dar ao luxo de correr atrás daqueles que abandonam o serviço espiritual, a pretexto de lhes oferecer explicações e homenagens. Isto porque nossas obrigações aí estão, exigindo-nos tempo e dedicação, e não podemos perder tempo. Se fulano ou ciclano considerou por bem abandonar as próprias obrigações espirituais, por este ou aquele melindre, que podemos nós fazer? Entreguemos-lhe, pela oração, à Bênção Misericordiosa de Deus, o Pai Amoroso de todos nós, e, por nossa vez, perseveremos no trabalho do Bem até o fim.
Qual o obstáculo mais difícil a vencer na mediunidade?
Os obstáculos mais difíceis ao desenvolvimento da mediunidade estão sempre em nós mesmos. Quando deixamos o trabalho mediúnico para entregar-nos a tipos de atividades inconvenientes, estamos habitualmente cedendo às tentações que ainda trazemos em nós mesmos, constantes das tendências inferiores que ainda remanescem dentro de nós, em nos referindo à herança pessoal que trazemos de existências passadas.
Existirá, na opinião dos Amigos Espirituais, alguma correlação entre disritmia cerebral e mediunidade?
Estamos na certeza de que no futuro dirá, do ponto de vista científico, que sim. A chamada disritmia cerebral, na maioria dos casos, funciona como sendo um implemento de fixação da onda mental do espírito comunicante; muitas vezes, também, essa mesma disritmia é um elemento importante no problema obsessivo. Achamo-nos aqui perante questões que o futuro nos mostrará em sua amplitude, com as chaves necessárias para a solução do problema.
Qual a receita que o Sr. apontaria contra o animismo?
Aprendi com o nosso abnegado Emmanuel que o médium é também um Espírito necessitado de socorro e de orientação. Desse modo, se o chamado animismo aparece em determinado grupo, devemos atender ao companheiro ou à companheira, envolvidos no assunto, com o mesmo carinho e atenção que dispensamos comumente ao Espírito desencarnado, quando no intercâmbio conosco.
O desenvolvimento da mediunidade se processa mais na corrente mediúnica ou nas ações, palavras e pensamentos de todos os minutos do médium?
O desenvolvimento da sublimação mediúnica permanece na corrente dos pensamentos, palavras e atos do medianeiro da vida espiritual, quando ajustado ao ministério de fraternidade e luz que a sua tarefa implica em si mesma.
A tese da mediunidade inconsciente estará sendo estudada e observada com consciência pela totalidade dos médiuns que se apregoam portadores de tal mediunidade? Cabe-nos significar-lhes nossas dúvidas ou aguardar o Tempo?
Na esfera do medíunismo, há realmente incógnitas que só o esforço paciente de nossos trabalhos conjugados no tempo conseguirá solucionar. Incentivemos o estudo e o auxílio, dentro da solidariedade cristã, e, gradativamente, diminuiremos as múltiplas arestas que ainda impedem a nossa sintonia na execução dos serviços a que fomos chamados, porquanto, o problema não deve ser examinado unilateralmente, reconhecendo-se que o serviço é de nossa responsabilidade coletiva nos círculos doutrinais.
Sendo verdade que o “clima” mental do médium atrai Espíritos condizentes, bons ou maus, como agiremos diante dos médiuns que se dizem inconscientes e que dão comunicações alternadas e seguidas?
O médium não deve perder de vista a disciplina de si próprio. A ordem é atestado de elevação.
Dons mediúnicos pronunciados, como por exemplo, o da vidência espiritual, que tantas pessoas anseiam e se esforçam por possuir, sob certas circunstâncias de ordem material, não significariam uma desvantagem ou, pelo menos, um transcendente compromisso para essas pessoas?
Dons mediúnicos não representam desvantagens, mas envolvem os compromissos e as responsabilidades que lhes são conseqüentes. Os candidatos ao trabalho mediúnico, junto das criaturas humanas, precisam refletir com segurança e discernimento antes de abraçá-lo, conscientes de que se encontram diante de um dos mais sérios compromissos espirituais da vida.
Quando um médium pode saber se realmente tem um compromisso mediúnico e que compromisso lhe traz essa mediunidade?
Através de sua predisposição. A mediunidade induz o indivíduo a uma posição consciente perante a vida desde que esta seja pautada em linhas de equilíbrio moral. Então, ele passa a receber intuições vigorosas que o impelem a atitudes positivas em relação ao próximo. Aparece de início, como lampejo de um ideal, como reminiscência de tarefas que ficaram interrompidas ou como uma verdadeira impulsão para realizar determinados compromissos em benefício da criatura humana. À medida que mergulha no mundo interior, desdobram-se as possibilidades e os Espíritos o conduzem a que execute a tarefa que, aos poucos, lhe vai sendo inspirada e conduzida. A mediunidade é uma faculdade para-normal, e todos podemos experimentar fenômenos que não são habituais, não comuns. Quando estes fenômenos especiais transcendem o habitual, refletem características de mediunidade, tais como: percepção de presença, visões e audições psíquicas, que seriam denominadas como alucinações psicológicas por psiquiatras desconhecedores da mediunidade…
Que dizer dos processos empregados atualmente pela maioria dos Centros, no que diz respeito ao desenvolvimento mediúnico? Como desenvolver médiuns?
Examinar as diretrizes das instituições não será trabalho compatível com as nossas responsabilidades singelas. Cada grupo doutrinário é a resultante dos propósitos e atividades dos seus componentes. Resumindo-se, porém, os programas do Espiritismo Evangélico, na sementeira do amor e da educação nos moldes que Jesus nos legou, acreditamos não encontrar outro código mais elevado para os serviços do nosso ideal, além do Evangelho sentido e vivido, nos diversos setores da experiência que nos é comum, código esse que deve presidir também não só o desenvolvimento dos médiuns, mas o processo espiritual de todos os doutrinadores e companheiros em geral.
Fontes:
Questão 1, do livro Kardec Prossegue – Editora UNIÂO.
Questão 2, do livro Novo Mundo – Editora IDEAL.
Questões 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13, do livro “Plantão de Respostas – Editora CEU.
Questões 14, 15 e 16, do Jornal “O Espírita Mineiro” – n 217.
Questões 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24 e 25, do livro “Encontros no Tempo” – Editora IDE.
Questão 18, do livro “Chico Xavier, em Goiânia” – Editora GEEM.
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