KARDEC RIO PRETO
Onde estará o meu amor?
Será que chama como eu?
Será que vela como eu?
Será que pergunta por mim?
Onde estará o meu amor?
(Chico César, compositor)
Não há dúvida que o amor começa e tem seu impulso na família e na consanguinidade. Dia virá que ele se estenderá para toda a humanidade: a grande família, a família universal. Ainda estamos muito longe do amor incondicional por todos os seres.
Por enquanto, amamos de verdade as pessoas mais próximas, aquelas com as quais convivemos.
O interesse comum, a convivência e a maneira de ser despertam em nós o amor que, se legítimo, poderá perdurar para sempre.
“Nestas experiências conjuntas, ambos os Espíritos foram passando por circunstâncias juntos, enfrentando desafios, superando obstáculos, atravessando todas as dificuldades, e envolveram-se em laços afetivos e amorosos um com o outro, brotando daí uma profunda identificação e um sentimento verdadeiro.” (1)
Mas como identificar se existem pessoas que muito amamos vivendo conosco no palco da vida terrestre?
Será que estão ao nosso lado, reencarnados?
Será que estão no Plano Espiritual?
Na verdade, o amor verdadeiro e incondicional por alguém poderá nos fornecer a resposta. Aquele amor que reside no fundo do nosso ser, dificilmente é resultado de uma única existência. Trata-se de lembranças de vidas anteriores, onde desenvolvemos a afetividade, a ligação.
Algumas pessoas alegam que o amor de suas vidas deve estar reencarnado em outro país ou mesmo estar desencarnado. É possível. Muitas vezes, após séculos juntos, nos desencontramos na grande viagem do progresso espiritual. Não pertencemos a ninguém e ninguém é dono de nós. É preciso estabelecer novos vínculos, criar novos amores. Mas, via de regra, esse afastamento, quando ocorre, é apenas temporário: poderemos nos reencontrar com os seres mais queridos em outras oportunidades, em outras vidas ou na Espiritualidade, após a desencarnação.
Quando acontece de duas almas que se amam estarem separadas, uma no plano físico e outra no plano espiritual, ambas devem exercitar o desapego e procurar outras pessoas para se relacionar.
Todos nós possuímos uma família espiritual que é sempre maior que a nossa restrita família consanguínea.
“Ela é composta por centenas de espíritos que tiveram milhares de experiências conosco em vidas passadas; são espíritos que nos conhecem há milênios, e todo esse arcabouço de experiências coletivas os liga por laços de amizade, carinho, amor, cooperação, compaixão…” (1)
Nessa abrangente família há aqueles espíritos que temos uma afeição mais profunda, deixando em nós o “sentimento” de que não podemos viver sem eles.
Os papeis que eles e nós desempenhamos nas diversas reencarnações são múltiplos: algumas vezes somos irmãos consanguíneos, outras vezes desempenhamos o papel de pais, tios, avós, cônjuges etc.
“A proximidade do parentesco físico não é definitiva para indicar o grau de afeição entre duas almas. Por exemplo, um filho pode amar mais a avó do que a própria mãe, pois seus laços espirituais podem ter sido mais estreitos em diversas vidas passadas. Um pai pode amar mais um filho do que o outro: embora muitos pais neguem essa diferença afetiva, sabemos que isso existe e é perfeitamente normal, já que um pai pode ter mais experiências amorosas pretéritas com um filho do que com o outro.” (1)
“Dessa forma, a família de almas é nossa família espiritual e vale muito mais do que nossa família física.
“Um bom exemplo é observar o comportamento afetivo das pessoas. Algumas podem gostar mais de um amigo do que de um parente próximo, como pai, mãe ou irmão. Esse amigo, apesar de não fazer parte de sua família consanguínea, pode ser um membro próximo de nossa família espiritual, e um amor muito grande pode estar presente na relação de ambos. Assim, a família espiritual transcende nossa família de sangue e demonstra a existência de laços muito maiores, mais sutis e imensamente mais antigos do que os laços consanguíneos.” (1)
Emmanuel, em seu livro “Vida e Sexo”, esclarece que muitas vezes é necessária uma inversão de papeis nas experiências afetivas, sobretudo quando o amor se torna obsessivo. Como a vida é equilíbrio, quando saímos do eixo ela promove situações para nos recolocar na trilha certa novamente.
Exemplo: dois espíritos que viveram muitas vidas como marido e mulher e desenvolveram um apego doentio um pelo outro. Numa próxima existência poderão reencarnar na condição de pai e filha ou mãe e filho para que se disciplinem e transformem o amor doentio em um amor puro, leve, verdadeiro. Emmanuel chama isso de “desvinculação”.
É preciso muita atenção nas nossas relações afetivas. Nunca diga: “não consigo viver sem ele(a)”. Isso é amor doentio. Quem ama de verdade deixa seu amor livre e fica feliz quando ele se realiza sem você por perto.
“O amor real é calmo, sereno, não se deixa influenciar por sentimentos de controle, posse, ciúme e outras armadilhas inferiores. O amor verdadeiro deseja que o outro esteja bem, mesmo que ele não fique conosco. Ele é espontâneo, livre e há desprendimento; só o que importa é o bem estar do outro. Fazemos de tudo para que o outro seja feliz.” (1)
Fique claro: o amor verdadeiro é libertador e não acaba com a vida física. Continuamos a nos amar e esse amor carregamos para sempre.
Fernando Rossit
Bibliografia de apoio:
(1) Hugo Lapa, texto.
(2) Vida e Sexo, Emmanuel/Chico Xavier