7 fatos sobre a manifestação de espíritos

ANTÔNIO CARLOS NAVARRO

Um dia desses lembramo-nos de uma vivência no campo da vidência espiritual, ocorrida em nossa infância e que muito nos marcou.

A vidência mediúnica não faz parte de nossos atributos mediúnicos, mas como qualquer pessoa, eventualmente se está sujeito, e com alguma facilidade quando se é criança.

Certa noite, acordamos ou fomos acordados e tivemos chamada nossa atenção para a janela do quarto, onde nos deparamos com um Espírito sentado em cima de uma das vidraças da veneziana. Era uma figura de homem adulto de aparência comum, porém sem a cabeça, mas com esta acomodada no seu braço esquerdo, que descansava sobre a perna e sempre em silêncio movimentava o tronco para a esquerda e para a direita.

Por diversas vezes voltávamos os olhos e confirmávamos sua permanência até que adormecemos novamente acordando pela manhã com a experiência viva em nossa mente.

Não tínhamos, à época, nenhum contato com a Doutrina Espírita, mas não nos sentíamos atemorizados com a visão, e quando, na condição de adulto, adentramos os estudos espíritas e tudo se esclareceu.

Em O Livro dos Médiuns encontramos:

“De todas as manifestações espíritas, as mais interessantes são, sem dúvida, aquelas em que os Espíritos se tornam visíveis. Veremos, pela explicação desse fenômeno, que ele não é mais sobrenatural do que qualquer outro. Primeiramente, apresentamos as respostas que foram dadas a esse respeito pelos Espíritos:

1. Os Espíritos podem se tornar visíveis?

“Sim, principalmente durante o sono; porém, algumas pessoas os veem quando acordadas, porém é mais raro.”

2. Os Espíritos que se manifestam pela visão pertencem a uma classe diferenciada?

“Não. Podem pertencer a qualquer classe, das mais elevadas às mais inferiores.”

3. É possível a qualquer Espírito se fazer ver?

“Todos podem, mas nem sempre têm permissão ou vontade.”

4. Qual é o objetivo dos Espíritos que se manifestam visivelmente?

“Isso depende; de acordo com a sua natureza, o objetivo pode ser bom ou mau.”

5. Como essa permissão pode ser dada quando o objetivo é mau?

“É para pôr à prova aqueles a quem aparecem. A intenção do Espírito pode ser má, mas o resultado pode ser bom.”

6. Qual é o objetivo dos Espíritos que têm má intenção ao se fazerem ver?

“Assustar e, muitas vezes, vingar-se.”

7. Qual é o propósito dos Espíritos que aparecem com boa intenção?

“Consolar as pessoas que os lamentam; provar que existem e que estão por perto; dar conselhos e algumas vezes pedir ajuda para eles mesmos.”

A respeito da aparição, ela só é possível graças às propriedades do Perispírito que é o corpo intermediário entre o Espírito e o Corpo, conforme nos esclarece O Livro dos Espíritos:

“O envoltório semimaterial do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível?

– Sim, tem a forma que lhe convém. É assim que se apresenta, algumas vezes, nos sonhos, ou quando estais acordados, podendo tomar uma forma visível e até mesmo palpável.” (2)

Sobre o Espírito que vimos, em função das características da aparição, podemos identificá-lo na Escala Espírita proposta por Allan Kardec (3):

“Nona classe: Espíritos Levianos – São ignorantes, maliciosos, inconsequentes e zombeteiros. Envolvem-se em tudo, respondem a tudo, sem se preocupar com a verdade. Comprazem-se em causar pequenos desgostos e pequenas alegrias, atormentar e induzir maliciosamente ao erro por meio de mistificações e espertezas. A esta classe pertencem os Espíritos, vulgarmente, designados sob os nomes de duendes, trasgos, gnomos, diabretes. Estão sob a dependência dos Espíritos Superiores, que se utilizam deles, muitas vezes, como fazemos com os nossos servidores.

Nas suas comunicações com os homens, a linguagem é algumas vezes espirituosa e engraçada, mas quase sempre sem profundidade. Compreendem os defeitos e o ridículo humanos, exprimindo-os em tiradas mordazes e satíricas. Se usam nomes supostos, é mais para se divertir conosco do que por maldade.” (4)

A Escala Espírita nos possibilita identificarmos todos os tipos de Espíritos, facilitando para nós outros o entendimento da orientação evangélica:

“Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” (5)

O estudo disciplinado e constante da Doutrina Espírita permite-nos a compreensão de tudo o que diz respeito à existência dos Espíritos e suas relações com o mundo dos encarnados e também tirar proveito positivo das mais variadas possibilidades de contato com eles, para nosso próprio crescimento espiritual.

Pensemos nisso.

Referências Bibliográficas:

(1) O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 100;

(2) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 95;

(3) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 100;

(4) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 103;

(5) 1 João 4:1.

Daniel Polcaro: