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‘O indivíduo que maltrata a mulher é covarde, psicopata’, diz Divaldo Franco

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divaldo franco

G1 | Danutta Rodrigues

Há 20 anos, Divaldo Franco, um dos líderes espíritas mais respeitados no mundo, começou o Movimento Você e a Paz, série de palestras que tem como objetivo levar o indivíduo à reflexão a respeito da não violência, independentemente de credo ou religião.

Nesta terça-feira (19), quando é celebrado o Dia da Paz em Salvador, instituído por lei municipal desde 2000, Divaldo Franco reuniu milhares na praça do Campo Grande, em Salvador.

“Proferimos uma palestra sobre a paz, apontando as nossas dificuldades, os problemas do relacionamento humano, o drama do machismo e a perseguição sistemática aos fracos”

Em entrevista exclusiva ao G1 nesta terça-feira, o líder espírita falou, entre outros assuntos, sobre a violência contra a mulher, intolerância religiosa, e o Movimento Você e a Paz.

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Violência contra a mulher

No primeiro semestre de 2017, a Bahia registrou mais de 23,4 mil casos de violência contra a mulher, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública. No último domingo (17), o caso da jovem grávida morta pelo marido um dia antes do parto chocou o país. Ao G1, Divaldo Franco falou sobre o problema do machismo na sociedade brasileira.

“O indivíduo quando se levanta para maltratar uma mulher é um covarde, um psicopata. Ele parece projetar a imagem feminina que tem no interior, e que odeia, a ânima, e vê refletida na mulher que ele está matando”

Para ele, as raízes da violência contra a mulher são psicológicas e os indivíduos que praticam esses crimes são desequilibrados.

“É lamentável que o indivíduo pense que masculinidade é força. Masculinidade é apenas um estado sexual. A força está no caráter”

Divaldo Franco ainda destacou que quando a mulher não se submete a paixões masculinas, ela, então, é tida como superior e o homem sente que tem que a matar porque é sua competidora.

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“Então, é um conflito terrível e necessita de muita psicologia e divulgação para os chamados machistas poderosos para que eles compreendam que a força não é dos músculos, é do caráter”

Intolerância religiosa

Para Divaldo Franco, o fanatismo e determinadas correntes religiosas esquecem do direito humano à liberdade. O líder espírita lamentou que, em pleno século XXI, ainda existam indivíduos que se vinculam a religiões para darem vazão à própria inferioridade moral.

“Uma religião que torna o indivíduo violento é uma religião que não merece consideração. Podemos estar numa religião, filiado a ela, inteiramente livres para uma vida absoluta, como normalmente acontece”

Segundo ele, a palavra religião vem do latim religare, que significa ligar outra vez a Deus. Então, para Divaldo, se o indivíduo está nessa tarefa de ligar, ele não pode impor e, normalmente, o indivíduo que se fanatiza é porque tem complexo de inferioridade.

“Ele [o fanático] se apoia na religião para dizer que é a melhor, esquecido de que a melhor religião é aquela que torna o indivíduo melhor. Não é esta e nem a outra, mas aquela que faz o bem ao indivíduo”

Sobre constantes invasões a terreiros de candomblé, igrejas católicas e centros espíritas, que são noticiados com frequência, Divaldo Franco destacou a violência cometida por indivíduos que atacam templos motivados pela intolerância religiosa.

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“E esses atos demonstram ainda o barbarismo, as heranças da idade média, que o indivíduo transfere para outro, num mecanismo de defesa de uma coisa, afinal, que é metafísica, não é física”

Movimento Você e a Paz

Iniciado em 1998, na Praça 2 de Julho, no Campo Grande, em Salvador, o Movimento Você e a Paz, criado por Divaldo Franco, parte da ideia de que o indivíduo seja um pacificador, que não reage, mas age. Que não agride, discute.

“O nosso objetivo era despertar as pessoas para a própria violência porque sempre falamos da violência que vem do exterior. Reclamamos das autoridades, dos processos sociológicos, mas esquecemos que somos violentos também”

O religioso conta que a campanha começou nas escolas de Salvador, com a finalidade de também atrair os pais, mas não deu certo. A partir daí, o movimento foi para a praça pública, em bairros mais violentos da cidade. E funcionou.

“Fala-se muito contra a violência, mas não se faz nada em favor da não-violência. Fomos muito bem recebidos. Então, o movimento foi crescendo, e, três anos depois, nós pedimos à prefeitura, aos vereadores, para considerar o dia 19 de dezembro como o Dia da Paz”

A 20ª edição do Movimento Você e a Paz foi lançada em sessão solene na Câmara dos Deputados, em Brasília, no mês de novembro deste ano. Apesar da bancada evangélica extensa, Divaldo Franco declarou que não houve reação contrária à cerimônia.

“O movimento não tem cor religiosa, nem cor política. A paz é uma necessidade universal. Quando estivemos na Câmara [dos Deputados] para lançar, estávamos com o auditório quase lotado, e era uma sexta-feira, dia que normalmente o político viaja. E ovacionaram muito”

Divaldo Franco ainda disse que pretende levar uma palestra do Movimento Você e a Paz para a área aberta dos ministérios no próximo ano. A campanha já circulou por países da europa, América do sul, e, no Brasil, em cerca de 90 cidades, com o objetivo de incitar a paz entre os seres humanos.

“Nós não pedimos muito. Durante o ano, dei-nos duas horas, apenas duas horas, mas se torne uma pessoa pacífica, não se arme, se desarme. Procure viver a vida intensamente. A vida é tão curta e não vale a pena perdermos tempo com mesquinharias, dramas, ciúmes, ódios, desejo de vingança”

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